*Por Beatriz Destefani Augusto
Nós vivemos na era da comunicação. De acordo com o infográfico Data Never Sleeps (2020), por minuto, são postados quase 350 mil novos stories no Instagram, mais de 140 mil novas fotos no facebook e cerca de 500 mil novos tweets. Podemos concluir então que há muita conversa acontecendo simultaneamente ao redor do mundo, mas o que devemos nos perguntar é se essas pessoas estão preocupadas apenas em falar ou também estão fazendo o exercício de ouvir o outro?
Ouvir é um processo importante dentro de uma conversa, uma capacidade frequentemente negligenciada, mas extremamente crucial para qualquer comunicador. Sem ela, não somos capazes de compreender as verdadeiras necessidades de uma pessoa ou comunidade.
Então, se você fala mas ninguém dá ouvidos, é realmente uma comunicação? Em um mundo com tanta voz ativa, acredita-se que fazer política é apenas sobre falar, mas na verdade é mais sobre ouvir. E ouvir é um ato importante para se colocar no lugar do outro, entender as suas necessidades e valores.
A internet é uma ferramenta poderosa que permite espalhar informações em uma velocidade inacreditável. Se você trabalha para alguma instituição governamental ou para algum candidato eleitoral provavelmente já foi testemunha desse fenômeno.
A política é hoje um dos tópicos mais discutidos online e principalmente em tempos tão polarizados, fica clara a influência e o impacto que essas opiniões geram nas redes sociais. Muito além de criar conteúdo, saber a opinião das pessoas sobre algumas pautas relevantes para o próximo ciclo eleitoral é essencial para encontrar estratégias de comunicação que façam sentido para todas as partes.
De acordo com a pesquisa "Papo Digital" publicada em 2019, 7 em cada 10 brasileiros se informam atualmente pelas redes sociais. Em um estudo mais recente, o Global Digital Overview (2020), aponta que o brasileiro gasta cerca de 3 horas e meia conectado.
Nesse cenário, o uso de metodologias como o social listening e o monitoramento de redes sociais, é a melhor maneira de se manter informado e reconhecer questões relevantes para os cidadãos. Além disso, esse processo também permite trabalhar de forma proativa para resolver uma crise de comunicação, construir uma reputação na comunidade, monitorar menções sobre um determinado assunto, olhar a concorrência, analisar hashtags e coletar tendências de mercado, não apenas durante as campanhas eleitorais, mas ao longo de todo período do mandato.
Embora o mercado faça diferenciação entre monitoramento de redes sociais e social listening, é importante ter em mente que esses dois métodos de análise fazem parte de uma mesma estratégia. Enquanto o primeiro coleta dados básicos como número de menções e polarização de sentimentos, por exemplo, o segundo é responsável por trazer inteligência através de uma análise aprofundada, apontando os assuntos mais abordados, mapeando de influenciadores e detratores, entre outras informações relevantes para uma estratégia completa de comunicação e relações públicas.
Muito além de entender quantas vezes um político é mencionado, através do social listening e do monitoramento de redes sociais é possível entender como as pessoas se sentem em relação a um discurso ou direcionamento, por exemplo. Esses dados são essenciais para os políticos manterem seus esforços de marketing, discursos e alinhamentos no caminho certo, além de agir rapidamente durante uma crise.
Existe uma questão filosófica que diz: se uma árvore cai na floresta e ninguém a ouvir, ela ainda faria barulho? Do ponto de vista científico, embora a queda da árvore crie ondas sonoras, para ser efetivamente definido como um barulho, é necessário que alguém escute. O uso do social listening e do monitoramento de redes sociais é o ouvido digital que escuta o barulho da árvore e pode fazer toda a diferença na hora de demonstrar proximidade e empatia ao eleitorado.
*Beatriz Destefani Augusto é jornalista e sócia-fundadora da Comunica PR, agência de Relações Públicas
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